quarta-feira, 19 de novembro de 2014

ITACARANHA NOS DIAS DE HOJE

  



 Até 1970 a suburbana era formado por lugarejos, comunidades tradicionais de pescadores e veranistas que aproveitavam a pesca farta e as belezas das praias e enseadas banhadas pelas águas calmas da Baía de Todos os Santos. A linha do trem, inaugurada em 1860, fez com que as pessoas conhecessem melhor esta linda parte de Salvador.

 Atualmente, e após a ocupação de 1970 e 1980, o Subúrbio Ferroviário se vê ocupado em sua grande maioria por moradores das classes populares. Após a construção da Av. Afrânio Peixoto (Av. Suburbana) houve um aumento significativo das ocupações informais, que somando-se a total falta de atenção dos órgãos públicos competentes, fizeram com que este local da cidade fosse esquecido e deixado sua formação à espontaneidade das estratégias de sobrevivência do povo; Alagados, sem sombra de dúvidas, é reflexo deste abandono e criatividade do sobreviver. Assim, “A Suburbana”, como é conhecida, concentra boa parte das comunidades populares da cidade que convive com a falta de emprego, abandono, violência urbana, moradia precária e pobreza, paralelo à história antiga da formação de Salvador, com praias e locais belíssimos e com a rica cultura popular retratada, por exemplo, nos diversos grupos de capoeira, samba, música, terreiros e casas de candomblé, 


  Hoje, no entanto, a situação na região encontra-se precária, carecendo de uma infra-estrutura mais adequada às questões ligadas à moradia, educação, saúde, convívio social, esporte e cultura. Com o surgimento da Avenida Suburbana, nos anos 70, muitas pessoas foram atraídas pela possibilidade de construir seu próprio bairro. A partir daí, a região do Subúrbio Ferroviário passou por um inchaço populacional desordenado, quando casas foram construídas em qualquer pedaço de terra e sem um planejamento urbano. A “nova” arquitetura passou a se mesclar com os casarões e chácaras tradicionais dos grandes barões de engenho. 

MARISQUEIROS E PESCADORES DA REGIÃO

 

  A mariscagem e a Pesca é uma manifestação cultural para a maioria das famílias que moram Não só em Itacaranha, mas em todo subúrbio ferroviário de Salvador. A maioria aprendeu com seus pais a mariscar e a pescar e encontram nessa tradição uma forma de garantir a sobrevivência, mas também uma forma de distração.
  Essa região apresenta indícios de ter sido uma grande floresta de manguezais. O crescimento desordenado da população e o desenvolvimento industrial descontrolado vêm contribuindo para o desaparecimento das espécies de manguezais que ainda restam no local. Hoje quase todo mangue foi destruído pelas fabricas instaladas na região e também pelos próprios moradores que não pensam na pesca predatória. Em Itacaranha ja não existem mais mangues. No subúrbio encontramos local para mariscagem somente no bairro de plataforma e tubarão de Paripe.
  A mariscagem é uma saída para aqueles que estão desempregados, não só os moradores do bairro de Plataforma e Paripe como também para moradores de outros bairros vão mariscar por necessidade e por não encontrarem alternativa para garantir a sobrevivência.
Muitos marisqueiros a consideram uma tradição familiar, participam dela desde pequenos, aprendem a pratica com os pais e avós. A grande maioria vai para a maré com toda a família, por não terem com quem deixar seus filhos.
  A pesca ainda é muito frequente no Suburbio ferroviario e pra muitos é a forma de sustento da familia.





LIGAÇÃO ENTRE SALVADOR E A FAZENDA ITACARANHA

  Havia entre salvador e Paripe grandiosas fazendas que povoavam toda região. Desde o começo do ano de 1500 deu-se a estas fazendas o nome de "Praia Grande", antes de se formarem todos os outros bairros da região. Praia Grande, após o processo de formação dos outros bairros situa-se entre Itacaranha, Escada e Periperi. Antes da segunda guerra mundial essas fazendas eram refúgio da burguesia industrial e latifundiária de Salvador,por possuir praias atrativas essa região era tida como local de veraneio. 



SURGIMENTO DA FAZENDA ITACARANHA E O QUE MUDA QUANDO SALVADOR COMEÇA A CRESCER

  Quando a fazenda Praia Grande foi sendo povoada, foi se dividindo e recebendo novos nomes, assim surge a Itacaranha. Com o nome de origem Tupi-Guarani, Itacaranha significa peixe de pedra e recebeu esse nome quando a tribo povoou esse bairro. Suas terras perteciam a familia Brito, e por sua riqueza em água mineral, foi feita uma bica de construçao barroca, mais ou menos entre o século XVII e XVIII. Com o povoamento, a fazenda foi loteada e se tranformou em um bairro urbano, local que em sua maioria era formado por mangue, Existiu tambem uma lagoa, conhecida como Lagoa Dourada, recebeu esse nome por conta de uma lenda que dizia quer em uma fuga os portugueses deixaram cair um baú de ouro na lagoa e nunca foi encontrado.Essa lagoa foi aterrada para construção de moradias e onde era sua nascente, localiza-se um campo de futibol. Existiam também em Itacaranha dunas que foram perdidas com a construção das linhas ferréas e moradias na localidade.

VOCAÇÃO DE SALVADOR PARA CIDADE INTERNACIONAL


  A economia da Bahia colonial foi, desde o inicio, voltada para o mercado externo, respondendo as exigencias da metropole e do comercio europeu. Alguns autores, como tavares, diz que era uma economia de exportaçao, mercantil, agraria e escravista. Com isso, o pais produzia e consumia somente o que interessava ao comercio externo, mais especificamente o de portugal, funcionando como produtor de materia prima e consumidor de produtos manufaturados e escravos.
  Tudo era importado. Era proibido ter indústrias. Somente em 18 de fevereiro de 1815 foi concedida licença a Francisco Ignácio da Silveira Nobre para construir uma fábrica de vidro na Bahia. Em seguida vieram as indústrias têxteis. Fizeram-se 5 delas, enquanto no Brasil haviam 9 ao todo, mas só fabricava panos de algodão de baixa qualidade, chamados de grosseiro, que serviam para ensacar gêneros agrícolas e vestuário dos escravos.
 
Até sal era importado. Em contra partida, muitos “produtos do sertão” eram exportados para todas as partes do mundo desde que em seu porto “aproximavam-se” navios de várias nacionalidades. Quando se faz referência de que Salvador era o mais importante porto do hemisfério sul àquela época, poderá parecer que existia uma estrutura portuária como hoje conhecemos. Não havia! Os navios apenas “aproximavam-se” da sua costa na altura onde é hoje o Comércio, Cais das Amarras e Cais do Ouro. As mercadorias eram desembarcadas e este serviço era executado parte pelos saveiros da Bahia. 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

CONTEXTO HISTORICO DE SALVADOR

Para compreender o surgimento do bairro de Itacaranha precisamos compreender um pouco da historia de Salvador:

   Mesmo após a adoção por Portugal do sistema de capitanias hereditárias, o Brasil continuou a ser fortemente assediado pelos navios da França e Holanda, as quais  não concordavam com a repartição do mundo entre Espanha e Portugal,  oficializado no tratado de Tordesilhas e chancelado pelo Vaticano. 

    Visando proteger os seus interesses o rei de Portugal, Dom João III, decidiu centralizar a decisões da nova Terra nas mãos de um único homem  criando o posto de governador geral do Brasil. Para desempenhar essa missão ele enviou o fidalgo Tomé de Souza, acompanhado de cerca de 1.000 pessoas,  entre elas 600 soldados, um médico, alguns farmacêuticos e 06 missionários jesuítas. O sistema de divisão de terras em capitanias e sesmarias foi mantido e a principal missão de Tomé de Souza era incentivar a urbanização em pontos estratégicos do Brasil, bem como proteger militarmente o território das invasões estrangeiras.  
    A baía de todos os santos foi descoberta em 01 de novembro de 1501, pela primeira expedição exploradora após o descobrimento de Pedro Álvares Cabral. Com a adoção do sistema de capitanias hereditárias, o lote da capitania da Baía  foi doado a Francisco Pereira Coutinho em 1534. Dois anos depois, quando o donatário chegou ao local para tomar posse, já existia  na baía de todos os santos, uma pequena comunidade de europeus. Nela se destacava Diogo Alves do Santos (O Caramuru), degredado alguns anos antes  e  que havia casado com Paraguaçu, a filha de um cacique tupinambá. Paraguaçú inclusive, já havia adotado o nome católico de Catarina e tinha com Diogo muitos filhos.
 
    Com auxílio dos moradores existentes e com a intervenção pacificadora de Caramuru, Francisco Coutinho fundou a povoação de Vila do Pereira, nas imediações da ladeira da Barra.  Durante um período de paz de quase dez anos, estabeleceu-se na região a  cultura da cana de açúcar com vários engenhos sendo edificados. A paz durou até 1545, quando um violento ataque desferido pelos tupinambás, forçou os portugueses a se refugiarem na capitania vizinha de Porto Seguro. Após uma negociação de paz, em 1547,  os colonos naufragaram durante uma tempestade em frente a ilha de Itaparica  quando retornavam a Vila do Pereira. Os sobreviventes foram capturados e devorados pelos índios, e entre eles se encontrava o donatário Francisco Coutinho. Diante dessa tragédia, a Coroa Portuguesa adquiriu dos herdeiros em 1548, as terras da capitania, para implantar nelas o Governo Geral da colônia. 
Cidade de São Salvador
     Em 29 de março de 1549, chega pela ponta da barra a comitiva de Tomé de Souza que veio com  ordens expressas do rei, para fundar no local uma cidade fortaleza chamada de São Salvador. Além da preocupação com as invasões estrangeiras, Tomé de Souza era conhecedor da grande belicosidade de algumas tribos indígenas da região. Por essas razões decidiu-se pela edificação de Salvador na parte alta, onde havia paredões de até 80 metros de altura. Ele construiu-a completamente cercada por muralhas, e com canhões direcionados para o mar. 

 SOBRE A CARREIRA DAS ÍNDIAS:


    Considerada por uns como a maior consequência dos Descobrimentos, outros há que destacam o enorme feito que ela representa em termos técnicos e humanos para um pequeno país como Portugal no início do século XVI. Ao estabelecer uma ligação anual entre Lisboa e os portos do Oriente (Goa, Cochim e por vezes Malaca) a Carreira da Índia tornou-se num elo fundamental na respiração e transpiração quer de Portugal, quer do seu Império Asiático. 
    A nau é o navio por excelência da Carreira, sendo também utilizados galeões e fragatas (estas apenas nos finais do século XVII e no século XVIII), bem como, e mais esporadicamente, outros tipos como a urca, a caravela redonda ou a naveta. O tamanho ou capacidade das naus foi uma das características que mais alterações sofreu desde a viagem de Vasco da Gama, com 100t de média até às 200t a 300t com Pedro Álvares Cabral e às 1000t (1518). É comummente aceite que a média deve ter ficado nas 400t a 600t no século XVI e 800t a 1000t no século seguinte, embora os exemplos de gigantismo sejam fáceis de multiplicar. 
   As tripulações destes navios podiam ir até cerca de 200 homens, embora o número mais comum seja à volta dos 120 a 150. A este contingente juntavam-se os soldados ou os simples passageiros o que podia fazer chegar o total de pessoas a bordo até aos 1000, embora também aqui a média devesse rondar os 500. No topo dessa hierarquia estava o capitão que desempenhava funções essencialmente judiciais, militares e administrativas enquanto comandante supremo do navio. Quem verdadeiramente governava e conduzia o navio era o piloto. Este era o posto de maior responsabilidade a bordo, cabendo-lhe traçar a rota com a ajuda dos regimentos, das cartas náuticas e da observação astronômica e escrever o diário de bordo. O elemento que se seguia nesta estrutura era o mestre. Cuidava da manobra dentro do navio orientando e comandando tanto marinheiros como grumetes.
    Os postos seguintes eram ocupados por uma série de homens do mar que se dividiam por actividades e funções bem distintas desde o guardião, a carpinteiros, calafates ou tanoeiros. Com funções não ligadas especificamente ao mar seguiam o meirinho ou alcaide, o capelão, o escrivão e um ou vários despenseiros, e por vezes o boticário e o cirurgião/médico substituído amiúde por um barbeiro que prestava os primeiros socorros. Depois dos oficiais vinham os últimos três tipos de homens do mar: os marinheiros, os grumetes que executavam os trabalhos mais duros e os pajens, geralmente crianças que tinham por função servir de mensageiros dentro do navio e transmitir as ordens dadas pelos capitães e oficiais. À parte desta estrutura havia uma outra, a dos homens encarregues da artilharia, e que era comandada pelo condestável tendo sob as suas ordens os bombardeiros. 
   Depois destes, que constituíam a tripulação, havia muitas outras pessoas que podiam embarcar. O contingente mais importante era o dos soldados. Com eles seguiam os fidalgos e nobres que iam assumir cargos administrativos ou militares. Havia ainda diversos religiosos, as mulheres, homens de negócios ou simples aventureiros que tentavam no Oriente a sorte que teimava em escapar-lhes em Portugal. Até escravos podiam embarcar logo em Lisboa. 
   Toda uma quantidade de tarefas deveriam ser efetuadas antes que a partida pudesse acontecer. Havia, em primeiro lugar, que preparar o navio, acabando reparações e fornecendo-lhe todo o tipo de materiais necessários para a viagem, desde velas a mastros e cordame. Depois tinha-se que nomear e escolher a tripulação. Seguia-se a recolha dos diversos abastecimentos, desde a alimentação, à água, à artilharia ou à botica. Por fim registava-se tudo e controlava-se o embarque das mercadorias com destino ao Oriente, só depois se podia dar a ordem de partida. Tudo isto era gerido pela máquina administrativa e logística do Estado onde se destacavam duas instituições: a Casa da Índia enquanto base comercial, administrativa e de gestão de todos os aspectos comerciais e financeiros; e os Armazéns da Índia que tinham alçada sobre toda a logística, fornecendo todos os materiais e produtos necessários para o sucesso da viagem.

Objetivo do blog

Caro leitor, esse blog tem como objetivo esclarecer e aprofundar um pouco mais a historia de Itacaranha, buscando entender o seu surgimento e as mudanças que aconteceram ao longo dos anos com o processo historico e social da cidade de Salvador. No mais, trata-se de uma pesquisa  do  componente curricular Referencial Teórico-metodológico de História no ensino fundamental do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, ministrado pelo Professor Doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia Alfredo Eurico Rodrigues da Mata.