quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

ENTREVISTA COM MORADORES DA RUA DA ESTACÃO



ENTREVISTADO¹:  MOACIR DA SILVA     IDADE:86

ENTREVISTADOR: JAMILE RIOS


ENTREVISTADOR: quando você veio morar em Itacaranha e como era o bairro quando você chegou?


ENTREVISTADO¹:  Há 50 anos atrás eu morava em Pujuca com minha esposa mas trabalhava em Salvador, um amigo do meu trabalho chamado Zé Bispo disse que iria arranjar uma casa de aluguel perto de onde ele morava,  e foi assim que eu vim pra Itacaranha com minha família. Quando cheguei aqui, Itacaranha tinha mais mato do que casa e, com o tempo eu consegui comprar um terreno para construir minha casa e depois o meu bar.


ENTREVISTADOR: Eu pesquisei e descobrir que Itacaranha era local de veraneio de grandes fazendeiros, e aqui eram grandes fazendas, quando você comprou o seu terreno você sabia disso?


ENTREVISTADO¹ : Sim, por sinal o lote de terras que eu comprei pertencia a Fazenda Sobrado, mas ouve também muita invasão de terras por aqui.


ENTREVISTADOR: Sua casa fica na Rua Rio Paraguaçu, mas o seu bar fica na Rua da Estação. Porque você resolveu construir um bar nessa rua e como era a rua naquela época?


ENTREVISTADO¹: A Rua da Estação era uma das mais movimentadas de Itacaranha. Na época em que cheguei aqui não existia a avenida suburbana, era tudo mato e existia uma única linha de ônibus que passava na rua da estação. Os ônibus de empresas que vinham pegar seus funcionários que moravam na região também passavam por aqui, além da movimentação do trem que era muito grande, por isso abrir um bar aqui e foi com ele que eu sustentei  treze filhos.

ENTREVISTADOR: existiam boiadas por aqui?


ENTREVISTADO¹: Sim, mas as boiadas ficavam mais na parte de cima de 
Itacaranha.
                    SEU MOACIR ACOMPANHADO DA ESPOSA





ENTREVISTADO²: ANA ALMEIDA            


ENTREVISTADOR: JAMILE RIOS

ENTREVISTADOR: Há quanto tempo você mora em Itacaranha e por que decidiu vir morar aqui?

ENTREVISTADO²: Não me lembro direito mas tem quase 50 anos que moro aqui, meu marido resolveu vir morar aqui por causa de um dos nossos filhos que ficou doente. Nós morávamos em um bairro na cidade e meu filho teve uma doença chamada definteria e meu marido quis se mudar de lá, meu marido dizia que Itacaranha era um lugar fresco e de clima bom por isso viemos pra cá.

ENTREVISTADOR: Como era Itacaranha quando você chegou aqui?

ENTREVISTADO²: Tinha muito mato e muita lama, lembro que só tinha uma escola e o comércio se concentrava aqui na Rua da Estação, todo mundo vinha comprar gás aqui, essa rua era a única que tinha energia em Itacaranha por causa do trem.

ENTREVISTADOR: E tinha muita marisqueira por aqui?

ENTREVISTADO²: Tinha. Tinha algumas pessoas que mariscavam aqui em Itacaranha mesmo, mas a maioria mariscava em plataforma porque o marisco de lá que era bom, aqui só tinha sururu e ostra, lá tinha variedade de marisco. E mesmo quem não vendia marisco ia mariscar pra o consumo da própria família.

ENTREVISTADOR: Itacaranha era um lugar rico em fontes. Você via muitas fontes por aqui? Como elas eram utilizadas?

ENTREVISTADO²: Tinha muitas fontes, se não fosse isso não sei como eu ia sobreviver, eu lavava roupa de ganho e pegava agua na fonte do buraquinho, lembro que sempre encontrava Jaques Wagner lá, ele também pegava agua pra família dele mas a agua dessa fonte não era boa de beber. Eu pegava agua pra beber em outra fonte, uma que fica aqui na rua da estação mesmo. A do buraquinho não existe mais,pois aterraram e fizeram casas, mas a da rua da estação existe ate hoje.

ENTREVISTADOR: Tinha na parte de cima de Itacaranha uma lagoa. Quando você chegou aqui essa lagoa ainda existia?

ENTREVISTADO²: Sim, mas já tinha muitas casas ao redor, depois construiram um campo de areia e esse campo só vivia alagado.



 DONA ANA


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 Através das entrevistas pude constatar a existência de varias fazendas no bairro de Itacaranha, com isso foi possível que se tivesse a percepção do crescimento do bairro e da Rua da Estação fazendo um comparativo com os dia atuais.
  Percebi que o crescimento populacional e habitacional se deu de forma desordenada por conta das terras loteadas e barateadas como também de grande quantidade de lotes provenientes de invasão.
  Fiquei admirada com a historia da rua da estação que já foi o grande comercio de Itacaranha e hoje encontra-se em situação de abandono pela prefeitura, pois nem asfalto tem. Percebi que essa desvalorização começou a acontecer com o surgimento da avenida suburbana que fica na parte de cima de Itacaranha, o que tirou descentralizou o transporte e o comercio na Rua da Estação.
  Ficou claro sobre a existência de varia fontes, inclusive a fonte que dona Ana pegava agua para beber é a fonte que foi tombada como patrimônio histórico de salvador citada anteriormente no blog. Muita coisa se perdeu em Itacaranha por conta dos aterramentos para construção de moradias, como exemplo temos a lagoa dourada e a fonte do buraquinho.
  Percebi que a concentração de mariscagem era no bairro de Plataforma, porem, todos os bairros da redondeza usufruíam dessa pesca, tanto para venda como para uso próprio.
  Em relação a ligação com a feira de agua de meninos,percebi que ela que abastecia o comercio da região.

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